sábado, 22 de janeiro de 2011

Grima Grimaldi ensina Kerouac

 A arte pode ser encontrada em vários momentos do cotidiano. Temos a arte do dentista, a arte do marcineiro, a arte do pedreiro. E a arte do vídeo? Bem, o que diferencia essa arte das outras é que a arte da imagem e do som comunica alguma coisa ao espectador.
 Mas essa comunicação, para ser arte, tem de responder a algumas perguntas do ramo da estética. Primeiro, ela deve causar impacto emocional, porque fala de algo ou alguém que emociona, e também porque é  bonita. Vejamos esse video do Grima Grimaldi, "Jack Kerouac". Primeiro ele impacta porque, independentemente de você conhecer Kerouac, o vídeo está apresentando esse grande escritor do século passado a você, e você sente que o cara em questão era boa gente: você vê noite, estrada, cigarros, sorrisos de mulher, e tudo num arranjo em ritmo rápido, isso não é emocionante? É, sim. E é bonito também, esse arranjo tem uma harmonia que liga todas as partes do vídeo em uma unidade só, que emociona e agrada os sentidos.
 Mas não é só isso, né? Pra ser uma obra de arte, o vídeo em questão tem de quebrar alguma regra. Vamos compará-lo com as regras da televisão e dos clipes modernos. Noventa por cento dos clipes que vemos na televisão não mostram esse tipo de rearranjo de cenas. Nós vemos início, meio e fim de um trabalho videográfico. Mas nós não vemos essa preocupação no filme do Grima. É porque ele quebrou uma regra estética. Bem, vamos somar. O vídeo agradou estética e emocionalmente e quebra uma regra da arte de videografar .
 Não, não terminou. Ainda não pode ser chamado de obra de arte. É preciso que o artista tenha usado uma técnica que realize a intenção que ele teve ao concretizar  seu trabalho. E, para isso, é preciso saber se o objeto da experiência dele e as colagens em ritmo alucinante que ele fez, somadas com a música, falam mesmo de Jack Kerouac. Bem, quem é esse cara?

  Jack Kerouac é um escritor beatnik dos anos 5O. Seu livro On the Road vendeu e vende milhões de cópias por ano, e sua literatura influenciou o movimento hippie. Na verdade, os hippies surgiram por causa dos beatniks. Beat é uma batida, um modo de fazer poesia, um grupo de pessoas que fazem poesia. Beat é pobreza e divertimento. Beat é andar pela estrada, os olhos vendo o mundo. No vídeo do Grima, há essa cena, de olhos vendo o mundo, como criança. Sim, e as mulheres...a dança...está lá no vídeo, tudo o que de importante diz respeito a Jack Kerouac. E foi o Grima quem juntou tudo e pôs um arranjo imagético e sonoro ( Gang 90 e as absurdettes gravaram a música Kerouac nos anos 80), que faz a gente ver o ví:deo e dizer que isso sim é obra de arte.
 O mais legal de tudo isso, é que o Grima fez esse vídeo em um dia. Há aqueles que demoram um pouco mais para apresentar seu trabalho, e há artistas do tipo do Grima. Se o resultado correspondeu ao que a Filosofia estética pensa por arte, é um trabalho e tanto...

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